Aliviar dores e possibilitar maior desempenho de atletas são apenas alguns dos efeitos causados pela música no ser humano.
Como sabemos, o cérebro é responsável pela percepção que temos do mundo, desde as funções mais básicas do nosso corpo até os sentimentos complexos e quase inexplicáveis passam por esse órgão. Logo, o ato de ouvir música não poderia ser diferente.
Porém, o que talvez você não saiba é que a música causa efeitos muito curiosos em nossos cérebros, chegando a influenciar, inclusive, hábitos de consumo e a forma como percebemos o passar do tempo. Confira, a seguir, uma lista de sensações e benefícios que aquele seu disco favorito pode proporcionar.
1. Com música, o tempo passa diferente
Já percebeu que todo teleatendimento possui vinheta ou música de espera? Pois aquele toque está ali com um propósito: fazer com que o cliente não perceba que está esperando há muito tempo pelo atendimento. Isso diminui as chances de que a pessoa desligue o telefone antes de resolver o seu problema.
O mesmo truque é usado em consultórios e outros estabelecimentos com sala de espera, além de ser uma das estratégias de lojas, shoppings e mercado para fazer com que as pessoas se sintam menos apressadas durante a compra.
O que acontece, nesses casos, é que a música serve para desviar a sua atenção. Como o cérebro humano possui uma capacidade limitada de recebimento de informações, é provável que acabemos por prestar mais atenção à música do que ao movimento dos ponteiros do relógio.
Mas o contrário também pode acontecer. Ouvir música ao realizar uma tarefa importante, por exemplo, pode fazer com que a pessoa tenha a impressão de que o tempo passou mais rápido, afinal, o trabalho acaba ocupando mais “processamento” do cérebro.
E pense bem antes de escutar "Friday" enquanto espera por alguém: as músicas que você não gosta podem fazer com que três minutos pareçam 30 dentro da sua cabeça.
2. Música mexe com nosso medo instintivo
Gritos de porcos no abate foram usados na sonoplastia do filme O Exorcista (Fonte da imagem: Divulgação/Warner Bros.)
Quem já assistiu ao filme “O Exorcista” e tremeu de medo durante a cena em que o demônio é expulso do corpo de Reagan já tem uma desculpa para dar aos amigos: aqueles gritos, na verdade, não eram da atriz Linda Blair, mas de porcos sendo preparados para o abate.
Alguns sons despertam o medo no ser humano e, é claro, a indústria cinematográfica sabe muito bem disso. É por isso, por exemplo, que as cenas de suspense ou terror estão sempre acompanhadas de trilhas sonoras que ajudam a intensificar a tensão ou medo que sentimos enquanto assistimos ao filme. Isso funciona porque existem certos sons que os seres humanos irão sempre associar ao perigo iminente ou medo, como o grito de outras pessoas ou espécies de animais. Os cientistas chamam esses sons de “ruídos discordantes”.
Sendo assim, se quiser passar menos medo quando revir o filme, deixe o volume da TV no mínimo.
3. Academia e música: combinação perfeita
Muita gente gosta de ouvir música enquanto corre ou malha o corpo na academia. Curiosamente, isso é muito mais do que uma mania ou mero passatempo, já que diversos benefícios podem ser alcançados dessa forma.
Para começar, a música ajuda o atleta a obter um desempenho melhor, segurando pesos por mais tempo, reduzindo o consumo de oxigênio e concluindo corridas em menos tempo. Parte disso vem da característica citada no primeiro item desta lista: a música distrai. Dessa forma, as pessoas não se preocupam tanto com as dores que sentem nas pernas ou com quantos quilômetros ainda precisam correr.
Mas os benefícios não acabam por aí. A música também ajuda a sincronizar o exercício com o tempo musical. Dessa forma, atletas não perdem tanto tempo e esforço aumentando ou diminuindo a performance de acordo com o próprio ritmo. Como se não bastasse, o MP3 player também pode servir como analgésico para treinos que exigem muito esforço: de acordo com uma pesquisa publicada na The Cochrane Library, quem ouve música depois de ser operado sente menos dores.
4. Mais uma cerveja! E aumenta o som, DJ!
Por esta todo mundo esperava: a música que toca na balada altera a percepção humana sobre as bebidas, fazendo com que clientes consumam mais do que o normal e até solicitem determinados drinks. Quer um exemplo? De acordo com o artigo “The Effect of Background Music on the Taste of Wine” (PDF em inglês), a música clássica faz com que os clientes peçam vinhos mais caros, já que se deixam levar pela ideia de sofisticação e riqueza que circunda as obras de Mozart e outros compositores.
Além disso, outros estudos indicam que a música ambiente também altera o sabor do vinho. Dependendo da canção que está tocando, a bebida pode parecer mais refrescante ou doce do que o normal. O professor Adrian Nort, responsável pelo estudo, também constatou, em uma pesquisa anterior, que se um mercado tocasse músicas com som de acordeão, os clientes acabavam comprando mais vinhos franceses do que alemães.
É claro que isso não se restringe ao mundo dos vinhos. Músicas agitadas e com batidas fortes fazem com que as pessoas consumam mais álcool em bares e boates. ambientes ruidosos colaboram para que as pessoas percam o bom senso e bebam mais do que o normal.
Mas quando o assunto são os restaurantes, as músicas calmas é que fazem os clientes pedir uma dose extra. Por deixarem os consumidores mais relaxados, é muito provável que eles continuem sentados e conversando, mesmo depois de terem terminado a refeição. Assim, aumentam as chances de que o consumidor peça mais uma garrafa de bebida para continuar o papo.
5. Música melhora a comunicação
Você sempre detestou as aulas de piano ou violão que sua mãe insistia para você fazer? Pois agora, agradeça: estudar música faz com que seja mais fácil reconhecer variações sutis de emoções em outras pessoas. Além disso, em um ambiente com muito barulho, o estudante de música consegue filtrar melhor os ruídos e se concentrar na conversa de que está participando.
Experimentos atestam que estudantes de música conseguem expressar melhor suas emoções e reconhecer o estado emocional de outras pessoas com mais sensibilidade, analisando, por exemplo, o tom de voz da pessoa que estiver falando.
E mais: essa habilidade se torna mais desenvolvida de acordo com o tempo dedicado aos estudos. Portanto, lembre-se: as aulas de música tidas na infância podem ajudar alguém a se tornar um profissional com uma ótima capacidade de comunicação.
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